sábado, 10 de janeiro de 2015

Luso Reads: Primeira editora inclusiva em Portugal

 
Um novo projeto editorial que quer dar resposta às necessidades diferenciadas dos leitores. Os livros da Luso Reads estão redigidos de uma maneira que torna a leitura mais acessível a pessoas com dislexia, défice de atenção ou doentes de Alzheimer e Parkinson, entre outros.
 
O catálogo da Luso Reads será constituído por adaptações à Leitura Fácil de diversas obras literárias, permitindo que pessoas com dificuldades de leitura ou níveis baixos de literacia possam aceder aos mesmos livros que os restantes leitores e ser atendidos na diversidade através da inclusão.
 
Estes livros são indicados para leitores com dislexia, défice de atenção, doentes de Alzheimer e Parkinson, idosos, analfabetos funcionais, pessoas em processo de aprendizagem da língua portuguesa, com problemas de audição, e a pessoas que têm determinados tipos de autismo, entre outros.
 
Os livros de Leitura Fácil são materiais concebidos para que possam ser lidos e compreendidos por pessoas com dificuldades de leitura. Surgiram na Suécia nos anos 70, quando o Ministério de Justiça escandinavo criou um grupo de trabalho que tinha como missão conseguir que os documentos oficiais fossem mais claros e eficazes.
 
Esta maneira de escrever ampliou-se ao mundo literário e, hoje em dia, podem encontrar-se editoras especializadas em Leitura Fácil em quase todos os países europeus. A Luso Reads faz a sua apresentação no mercado português com a adaptação do romance "O Fantasma de Canterville", de Oscar Wilde, o primeiro livro da Coleção Motiva.
 
A adaptação do livro é da responsabilidade da Eugènia Salvador, membro da Associação Espanhola de Leitura Fácil. Posteriomente, a obra foi traduzida para português e revista por Sandra Marques (a única especialista reconhecida neste tipo de materiais em Portugal). Antes de lançar o romance no mercado, a editora fez também uma prova de leitura com 20 pessoas do público-alvo do livro.
 
 
 
-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

Comorbidade - Dislexia e Discalculia


Márcia Hiromi YoshimatsuAluna de Iniciação Científica LND Graduanda em Psicologia – Universidade Federal de Minas Gerais
 
Alice Tavares - Aluna de Estágio Básico LND Graduanda em Psicologia – Universidade Federal de Minas Gerais

A discalculia e a dislexia são transtornos específicos de aprendizagem, os quais são classificados como dificuldades crônicas. Ambos trazem diversos prejuízos, não apenas no contexto escolar, mas também na vida cotidiana da pessoa, por exemplo, ter dificuldade de ler e compreender uma palavra nova e textos, como em uma reportagem de revista, ter dificuldade de calcular o troco. Para diagnosticar uma criança com esses transtornos é necessário desconsiderar os casos de retardo mental e situações de desgaste emocional, como, por exemplo, mudança de escola, divórcios dos pais e perda de pessoas próximas. Também é necessário levar em consideração os fatores ambientais, tais como falta de motivação, baixa qualidade do ensino, nível socioeconômico e o ambiente em que a criança vive.
 
O diagnóstico é dado a partir de análise de dados fornecidos por testes que avaliam a inteligência e rendimento escolar da criança. No Brasil, utiliza-se o Teste de Desempenho Escolar – TDE e, segundo o DSM-V, considera-se crianças com transtorno específico de aprendizagem aquelas que ficam no mínimo 1,5 desvios padrão abaixo da média das crianças típicas da mesma faixa etária. Além disso, é preciso que haja uma diferença significante entre a inteligência e o desempenho escolar, sendo este último inferior ao esperado para o quociente de inteligência da criança, e essa diferença deve persistir de uma série para outra.
 
A dislexia é o transtorno da aprendizagem relacionado à leitura e é mais frequente em meninos do que em meninas. A criança com dislexia tem uma dificuldade maior na associação grafema-fonema, ou seja, ela tem dificuldade em decodificar as palavras, não conseguindo atribuir um significado ao que está lendo. O disléxico possui uma dificuldade maior na área verbal (ex. linguagem escrita e oral) do que na não verbal (ex. linguagem simbólica). Além desses déficits já citados, a criança apresenta dificuldades na memória de trabalho (ex. compreender uma frase, pois é necessário lembrar das palavras que acabou de ler para que no fim a frase faça sentido), no reconhecimento de letras (ex. diferenciação entre “b”,“d”; “p”, b”; “u”, “v”) e apresenta grande dificuldade em provas de consciência fonológica. A prevalência desse transtorno é de 6-7% e sua causa é multifatorial. Na dislexia, ocorre uma errônea migração neuronal em áreas perisilvianas esquerdas e alteração morfológica de áreas corticais como o sulco temporal superior posterior, giro fusiforme e a área de Broca no hemisfério esquerdo. Esse transtorno pode estar vinculado às síndromes de Down e Klinefelter, porém devem ser desconsiderados os problemas auditivos.
 
A discalculia do desenvolvimento ou transtorno específico da habilidade em aritmética, é a dificuldade de uma pessoa compreender e manipular números e símbolos matemáticos. Pode apresentar, em alguns casos, déficits na coordenação motora, visoespacial e na memória de trabalho. Além disso, discalcúlicos podem apresentar dificuldades em nomear termos e símbolos da matemática, em manipular valores e objetos reais e matemáticos, na significação de símbolos numéricos, na escrita de números, na compreensão e execução de conceitos matemáticos e operações mentais. Esse transtorno está presente em 3-6% da população. Pode estar associado a questões genéticas, como na síndrome de Turner, na síndrome do X frágil, na síndrome velocardiofacial, na síndrome de Williams, as quais estão relacionados com problemas de loci gênicos específicos; relacionado também com a síndrome fetal alcoólica e influências ambientais. Pessoas com discalculia apresentam alterações morfofuncionais no sulco intraparietal e no giro angular do hemisfério dominante.
 
Existe uma grande comorbidade entre os transtornos de aprendizagem, principalmente entre a dislexia e discalculia. Um estudo com uma amostra de 799 crianças em idade escolar publicado no Journal of Learning Disabilities, em 2008, constatou que 15% das crianças com discalculia também apresentavam o transtorno da leitura, e 7% com dislexia apresentavam transtorno na matemática. Na realização de cálculos matemáticos utiliza-se o senso numérico, memória operacional, além de representações simbólicas verbais, assim, quem apresenta dificuldades nas representações verbais, como disléxicos, também terá dificuldade na hora de realizar algumas operações e principalmente problemas matemáticos, que exigem leitura e compreensão do texto.
A discalculia e a dislexia são transtornos que causam prejuízos na vida acadêmica e profissional de muitas pessoas. Devido à dificuldade de diagnosticar esses transtornos, seria o ideal desenvolver políticas na área de educação que identificassem previamente os sintomas para que houvesse uma intervenção mais efetiva de forma a facilitar a aprendizagem, tentando preencher as lacunas existentes causadas pelos transtornos.
 
Referências:
CARVALHO, A.M.P., REIS, I., NORI, M.C. Vida de ensino (ISSN 2175 – 6325) problemas na educação matemática do ensino fundamental por fatores de dislexia e discalculia. 2010. Vi. En., v. 02, n. 08 p. 66-72.
HAASE, V.G., et. Heterogeneidade Cognitiva nas Dificuldades de Aprendizagem da Matemática: Uma Revisão Bibliográfica. 2012.
HAASE, V.G., et. O estatuto nosológico da discalculia do desenvolvimento. 2011. p.139-144.
HAASE, V.G., FERREIRA, F. O. Neurociência cognitiva e educação matemática. In: IV Encontro de Educação Matemática de Ouro Preto. 2009. Ouro Preto. IV Encontro de Educação Matemática de Ouro Preto. Ouro Preto : Editora UFOP, 2009.
HAASE, V.G., et.  Discalculia e dislexia: semelhança epidemiológica e diversidade de mecanismos neurocognitivos. 2011. Mar. p.257-252.
MAZZOCCO, M.M.M.,PhD, and GRIMM, K.J.,PhD. Growth in Rapid Automatized Naming From Grades K to 8 in Children with Math or Reading Disabilities. Journal of Learning Disabilities. 2013 Fev.
SILVA, P. A. da, SANTOS, F.H. dos.  Discalculia do Desenvolvimento: Avaliação da Representação Numérica pela ZAREKI-R. Abr-Jun 2011, Vol. 27 n. 2, pp. 169-177.
 

A ORIENTAÇÃO E DESORIENTAÇÃO NA DISLEXIA

 
Os disléxicos sofrem com a desorientação e ela acaba por comprometer seu rendimento escolar. Esta talvez seja a maior responsável pelo fracasso escolar, ou seja, a falta de orientação.

 A orientação significa saber onde estamos em relação ao ambiente. Se analisarmos no campo da perceção, podemos defini-la como a capacidade de  descobrir fatos e condições do meio e se colocar numa relação adequada.  Quando ouvimos, vemos ou sentimos o mundo exterior a partir de um determinado ponto de vista, isto só vai fazer sentido se o indivíduo estiver orientado.

 Exemplificando de forma prática, nós olhamos o mundo com os dois olhos. A partir daí o cérebro compara as duas imagens obtidas e usa estas para formar uma imagem mental tridimensional que nos informa sobre a distância e profundidade.  O mesmo acontece com os ouvidos para determinar em que direção o som vem vindo.  A desorientação ocorre quando estamos carregados por estímulos ou pensamentos. Isto acontece quando o cérebro recebe informações conflituantes, dos diversos órgãos dos sentidos, e tenta correlaciona-las.

 Quando nós estamos desorientados, o nosso cérebro vê movimento em objetos que na realidade estão imóveis ou seu corpo se sente como se você estivesse se movendo, quando na realidade está parado.  Isto vai fazer o sentido de tempo se tornar mais lento ou mais acelerado. Quando a desorientação ocorre, todos os sentidos, exceto o paladar, são alterados.

 No caso da dislexia, eles não experimentam a desorientação, e sim, eles fazem ela acontecer. Os disléxicos usam a desorientação num nível inconsciente a fim de perceber multidimensionalmente pois, alterando seus sentidos, eles são capazes de experimentar as múltiplas visões de mundo levando eles a perceberem os objetos a partir de várias perspetivas.

 Quando estão aprendendo a ler, as confusões se amontoam e ele irá atingir seu limite de tolerância a confusão. Esta confusão faz com que ele não veja o que realmente está vendo e o que está escrito na página, mas sim, o que ele pensa que está vendo na página.
Da mesma forma em que a desorientação trás prejuízos, ela também trás vantagens aos disléxicos. Segundo Ronald Davis e Eldon Braun, fazendo esta acontecer, eles desenvolvem outras habilidades tais como:
  • são capazes de usar seu dom mental para alterar e criar perceções;
  • são altamente conscientes do meio ambiente;
  • são mais curiosos que a média geral;
  • pensam bem mais em imagens do que em palavras que os tornam altamente criativos;
  • usam todos os sentidos para perceber o mundo de forma multidimensional;
  • são altamente intuitivos e capazes de múltiplos insights;
  • tendem a vivenciar o pensamento como realidade;
  • são capazes de criar imagens vívidas.
 
Estas características levam os disléxicos a terem uma inteligência na média ou acima da média.
 
 
.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-..-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-..-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

Estudo - Dislexia, Disgrafia, Disortografia e Discalculia


Diana Teresa Coelho
 

Resumo
 
Dentro do grande grupo das Necessidades Educativas Especiais (NEE), as Dificuldades de Aprendizagem (DA) são a problemática com maior taxa de prevalência (48%). Segundo a Associação Portuguesa de Pessoas com Dificuldades de Aprendizagem Específicas, o número de alunos com estes distúrbios tem vindo a aumentar, registando-se atualmente uma prevalência de 5% a 10% da população total de alunos. Assim, torna-se imprescindível que quem convive, ensina e/ou trabalha diariamente com crianças com Dislexia, Disgrafia, Disortografia e/ou Discalculia esteja preparado para compreender as suas características e responder às suas necessidades específicas, designadamente promovendo a criação de contextos educativos e pedagógicos individualizados, que estimulem o desenvolvimento pessoal e social, a aprendizagem e o sucesso escolar e profissional.
 
Palavras-Chave: Dificuldades de Aprendizagem Específicas; Dislexia; Disgrafia; Disortografia; Discalculia.
 
http://pt.scribd.com/doc/243750931/Dislexia-pdf#scribd

O que é Dislexia:

 
 
Dislexia é um distúrbio específico da linguagem, congênito e hereditário, caracterizado pela dificuldade de decodificar palavras simples. Não é uma doença, mas sim uma dificuldade de aprendizagem, na qual a capacidade da criança para ler ou escrever está abaixo do seu nível de inteligência.
 
A palavra "dislexia" significa "dificuldades na leitura e na escrita", onde dis = distúrbio, lexia (latim)  leitura; (grego) = linguagem. A dislexia mostra uma insuficiência no processo fonológico, em que as dificuldades de decodificar palavras simples não são esperadas em relação a idade.
 
Mesmo recebendo uma instrução convencional, tendo inteligência adequada, oportunidade sociocultural e não apresentando distúrbios cognitivos e sensoriais, há uma falha no processo de aquisição da linguagem por parte da criança. A dislexia manifesta-se através de várias formas de dificuldade, com as diferentes formas de linguagem, incluindo frequentemente problemas de leitura, aquisição e capacidade de escrever e soletrar.
 
Tipos de Dislexia
Dislexia Acústica
Caracteriza-se pela insuficiência para a diferenciação acústica dos fonemas e na análise e síntese dos mesmos, ocorrendo omissões, distorções, transposições ou substituições de fonemas. Os fonemas são confundidos devido à sua semelhança.
 
Dislexia Visual
A criança apresenta falta de precisão na coordenação viso-especial, o que se manifesta na confusão de letras parecidas graficamente.
 
Dislexia Motriz
Há dificuldade para o movimento ocular, com nítida limitação do campo visual, levando a retrocessos e, principalmente, intervalos mudos durante a leitura.

Dislexia pode causar baixo desempenho escolar.

 

 
Baixo desempenho da criança na escola pode ser sinal de dislexia. O alerta é do neurologista do Hospital São Luiz Jabaquara e Hospital da Criança, Paulo Breinis.
 
O médico explica que o transtorno é diagnosticado a partir dos oito anos de idade, mas os primeiros sinais podem aparecer bem antes.

A dificuldade em relacionar os símbolos torna o hábito da leitura menos interessante para quem tem dislexia. Erros de gramática são frequentes, além da dificuldade em compreender os textos.
 
Apesar de não haver cura para o distúrbio genético, o neurologista Paulo Breinis explica que é possível amenizar o transtorno.

 A confirmação da dislexia pode ser feita por meio de testes aplicados por uma equipe formada por neuropsicólogo, pedagogo, psicólogo e fonoaudiólogo.

 Com o diagnóstico, a criança terá alguns direitos como maior tempo de provas, além de um auxílio especial dos professores. Quanto mais tarde a dislexia for identificada, mais difícil ficará a alfabetização da criança.
 
 
.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-..-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-..-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

Estudo - As barreiras encontradas pelo disléxico no ensino regular - Ana Carolina Bassi Stern

RESUMO
Os alunos que possuem um distúrbio de aprendizagem apresentam um conjunto de inabilidades em áreas diversas. Cerca de 35% das crianças em idade escolar possuem algum distúrbio de leitura e escrita, sendo o distúrbio mais comum é a dislexia que é definido como sendo um distúrbio neurológico de origem congênita em crianças com potencial intelectual normal que mesmo não possuindo distúrbios sensoriais e tendo acesso a educação, não conseguem adquirir ou desempenhar satisfatoriamente a habilidade de leitura e/ ou escrita. Estas dificuldades podem vir a atrapalhar a escolarização do disléxico. Este trabalho tem como objetivo fazer um levantamento das principais barreiras encontrados pelos alunos com dislexia no ensino regular. Para realizar este levanto fez-se um estudo de caso, onde um aluno que já havia concluído o ensino médio relatou os principais problemas por ele enfrentados durante este período. Com base em seus relatos pode-se levantar a hipótese de que os alunos com dislexia acabam ficando deslocados e são mais sujeitos a sofrerem bullying na escola, ou ainda podem ser subestimados por professores ou terem dificuldade com o sistema avaliatório; por esses motivos não conseguiriam, portanto, desenvolver-se plenamente.

Palavras-chaves: dislexia, educação inclusiva, ensino regular

-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.