Causas

Dislexia - (algumas) causas explicativas

 
Tendo em conta a investigação produzida por Paula Teles (2004), a Dislexia pode assumir três diferentes causas, dependendo da origem das dificuldades manifestadas:

 
1) Teoria do Défice Fonológico - a Dislexia é provocada por um défice do processamento fonológico, o que se manifesta em dificuldades graves na discriminação e no processamento dos sons, bem como na “consciência de que a linguagem é formada por palavras, as palavras por sílabas [e] as sílabas por fonemas” (Teles, 2004:5).
Se, para ler, é necessário descodificar e compreender, há que ter em conta que, se não houver uma boa competência fonológica, tanto a descodificação como a compreensão estarão dificultadas. As dificuldades de descodificação arrastam-se, consequentemente, para a compreensão.
A este propósito, a figura abaixo representa as várias zonas ativadas pelo cérebro durante uma tarefa de leitura:

 
Figura - Atividade cerebral durante a leitura (Teles, 2004:716)

 
Zona inferior-frontal - zona responsável pela análise dos fonemas (Teles, 2004), mais  mais ativa em alunos com dificuldades acentuadas na leitura e alunos no início da aprendizagem da mesma.
Zona parietal-temporal - processa a análise das palavras: primeiro  visualmente, depois através da correspondência grafema-fonema e, por último, pela segmentação e fusão silábicas.
Zona occipital-temporal - aquela que os leitores rápidos e fluentes utilizam (Carreteiro, 2009); permite o reconhecimento visual das palavras, promovendo uma leitura fluente. 
O aluno disléxico quase nunca utiliza a região occipital-temporal, pois a sua leitura é lenta e muito mecânica. A dificuldade na ativação da zona occipital-temporal é compensada pelo uso mais sistemático das restantes zonas.
 
2) Teoria do défice de automatização Segundo esta teoria, o aluno disléxico tem capacidade de descodificação, mas não consegue chegar à sua automatização. Ler sem automatizar implica não atingir a compreensão do conteúdo lido. Contrariamente àquilo que é esperado, estas crianças efetivamente levam a cabo um grande esforço mental, ativando “quase cinco vezes mais área cerebral do que as «normais»” (Frank, 2003: 6).
  
3) Teoria magnocelular Para quem defende esta teoria, a dislexia é originada por um “défice específico na transferência das informações sensoriais dos olhos para as áreas primárias do córtex” (Teles, 2004:7). O aluno com Dislexia não lê corretamente  pois frequentemente o contraste entre a cor da letra impressa e a do papel é demasiado forte.

Referências bibliográficas:
Carreteiro, R. M. (2009). Dislexia: uma perspectiva psicodinâmica. Recuperado em 22, março, 2011, de www.psicologia.com.pt
Frank, R. (2003). A vida secreta da criança com dislexia. São Paulo: M. Books do Brasil Editora
Teles, P. (2004). Dislexia: Como Identificar? Como Intervir?

Fonte: http://umlugarparaasdis.blogspot.pt/2015/02/dislexia-algumas-causas-explicativas.html

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Causas

dislexia causas e tratamento 2
Os pesquisadores não sabem exatamente o que causa a dislexia, mas acreditam que um problema durante o desenvolvimento da criança podem afetar a forma como o cérebro processa a informação.
 
Eles também acreditam que a genética (herança) desempenha um papel importante. Mas  não é causada por uma deficiência física, tais como problemas de visão ou audição. Muitas pessoas com dislexia têm média ou inteligência acima da média. Basicamente, o cérebro de pessoas com dislexia têm dificuldade em receber e organizar informações.
 
http://www.dihitt.com/barra/dislexia--entenda-os-sintomas-tratamento-e-como-nao-tem-relacao-com-a-inteligencias-veja-famosos-com-dislexia

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Dislexia Adquirida,
Lou de Olivier e Trajetória das Pesquisas


A Dislexia Adquirida foi identificada por Lou de Olivier noventa e oito anos após a primeira deteção da Dislexia (isolada) pelo Médico alemão Oswald Berkhan. Aliás, foi em livro alemão que Lou de Olivier percebeu que havia "adquirido" este distúrbio durante o afogamento que sofreu em 1978. E passou a defender a possibilidade de um distúrbio, no caso, a dislexia ser adquirido numa anoxia/hipóxia (diminuição/ausência de oxigenação cerebral)
 

Atribui-se a Oswald Berkhan, médico alemão, a primeira identificação da dislexia em 1881, mas o termo "dislexia" foi cunhado em 1887 por um oftalmologista também alemão, Rudolf Berlin. Apesar do termo ser citado na Alemanha desde aquela época, demorou para ser usado em outros países, especialmente no Brasil, onde, até algumas décadas atrás, ainda se intitulava Cegueira verbal e até hoje há quem defenda apenas a causa hereditária/genética, negando-se a aceitar a evolução das pesquisas não só de Lou de Olivier mas de diversos outros profissionais e pesquisadores de dislexias no mundo todo.

Trajetória das pesquisas:
1896: W. Pringle Morgan descreveu a “Cegueira de Palavra Congenital” publicado em British Medical Journal..

1890 a 1900: James Hinshelwood publicou vários artigos sobre dislexia e publicou, em 1917, livro “a Cegueira de Palavra Congenital”, sugeriu que o maior problema na dislexia era a deficiência na memória visual de palavras e letras. Lesão cerebral era outra causa muito estudada mas, em 1925, Samuel T. Orton escreveu que a dislexia não dependia de lesão ou dano cerebral. Orton, em parceria com a Psicologa Anna Gillingham, desenvolveu as intervenções educacionais que formaram a base do ensino multisensorial que até hoje são usadas para ensinar crianças disléxicas.

1951 G. Mahec fez experimento em que percebeu que crianças sem dislexia leram da esquerda para a direita mais facilmente e crianças disléxicas leram na mesma velocidade independente do sentido que liam e 10% dos disléxicos leu melhor da direita para a esquerda. Isso deu início à ideia do hemisfério esquerdo ser maior nos portadores de dislexia. Esta ideia seguiria por muitos anos até que Lou de Olivier elucidou este tema (em 2003)

Nos anos 70 entendeu-se a importância da consciência fonológica na dislexia. Em 79, enquanto Lou de Olivier afirmava sua  “Dislexia Adquirida” num afogamento, Galaburda e Kemper relataram suas descobertas após observarem cérebros pós-autópsias das pessoas disléxicas,que os centros de línguas nestes eram diferentes dos normais. Por ter perdido a capacidade de leitura, Lou dependia de amigos que liam para ela livros sobre psiquiatria e correlatas. Foi num livro alemão, (do qual Lou, infelizmente, não recorda o título), lido por um amigo que tinha fluência no idioma, que Lou verificou os sintomas descritos e teve certeza de ter adquirido o referido distúrbio. Os principais sintomas eram ausência de memória, incapacidade de leitura, ausência de concentração.

Passou a relatar sua descoberta a todos os Médicos que a atendiam porém nenhum deles se convenceu pelos seus argumentos. Até porque o distúrbio dela era novo, ela escrevia com certa fluência mas não conseguia ler em Português e perdera a capacidade de falar, ler e escrever em outros idiomas. As pesquisas mais avançadas na época eram com cérebros de disléxicos falecidos, Médicos estudavam a diferença do centro de linguagem nos cérebros disléxicos versus não disléxicos. Como admitiriam a possibilidade de se “adquirir um distúrbio”? Parecia-lhes apenas um grande devaneio de uma adolescente desmemoriada.

Uma busca pelo Google acadêmico dá uma série de artigos com títulos que remetem à Acquired Dyslexia publicados a partir de 1977, porém, lendo-os na íntegra percebe-se que estudos preocuparam-se com inabilidade de leitura deixando em aberto as causas que levaram à Dislexia e até hoje as comprovações oficiais são voltadas à Dislexia Adquirida por AVC e outras doenças cerebrais. Lou desde 1978 defendeu a Dislexia causada por acidentes com privação de oxigênio no cérebro (Afogamentos, enforcamentos, anoxia/hipóxia perinatal/neonatal)

Após três anos de testes e exames em que os Médicos afirmavam não detetar nada físico e recusavam-se a aceitar a teoria que esta defendia, a de ter “adquirido uma dislexia”, restavam a ela só duas opções: Conformar-se em viver desmemoriada para sempre ou busca, de forma independente, solução ao seu caso. Cursava teatro para auxiliar a recuperação de memória e já conseguia, com dificuldade, ler, mas esquecia tudo assim que lia. Passou a gravar tudo que precisava lembrar, textos, artigos, livros e ouvir as gravações de forma contínua, inclusive, durante o sono. Este método deu origem ao que hoje ela aplica como Multiterapia. Obviamente, hoje, com muito mais bases científicas.

Em 1981 recuperou a fluência de leitura e passou a pesquisar com mais intensidade, já não dependia de ninguém para ler para ela. Seguiu pelo bacharelado em Artes Cênicas e estudou Musicoterapia, englobando os recursos das Artes no método que já apresentava bons resultados com portadores de autismo e Down.

Entre 1981 e 1996, ano em que publicou o primeiro artigo oficial sobre a Dislexia Adquirida, Lou cursou Psicopedagogia, Neuropsicologia, Psicanálise e muitos treinamentos em Psiquiatria. Em 1989, seguindo a linha de pesquisa de Galaburda e Kemper, surgiram estudos de Cohen e outros desenvolvimento cortical era danificado nos primeiros seis meses do crescimento fetal do cérebro nos disléxicos. Pesquisas oficiais sugeriam a genética/hereditariedade e, os anos 90 trouxeram técnicas de neuroimagem com mais pistas sobre o processamento fonológico nos disléxicos. Ninguém cogitava a possibilidade do distúrbio adquirido em acidente e nem uma anoxia ou hipóxia perinatal.

Mas agora Lou não era mais só uma jovem desmemoriada, já se posicionava como Psicopedagoga e Psicoterapeuta, com especializações, extensões e, acima de tudo, com sua vivência prática. Com força e determinação seguiu publicando, palestrando, divulgando a dislexia adquirida no Brasil e exterior, especialmente Europa (Inglaterra e Portugal), onde escreveu em revistas impressas e eletrônicas, sugeriu a muitos pesquisadores que verificassem a possibilidade de aquisição de um distúrbio e conquistou dois prêmios.

A partir de 1996 foram 9 livros didáticos, inúmeros artigos em revistas e jornais, entrevistas em rádio e TV, além de dois programas próprios Lou e Você (1999) e De tudo um pouco (2008/2009), sempre elucidando a Dislexia Adquirida e distúrbios diversos.
Em 2011/2012 a Dislexia Adquirida foi oficializada nos descritores da Saúde, Português, Espanhol e Inglês (Acquired Dyslexia). Hoje encontra-se a descrição de Dislexia Adquirida em diversos sites, artigos e em descritores oficiais como National Library of Medicine - Medical Subject Headings, inclusive, variações da dislexia adquirida tais como Acquired Global Dyslexia, Acquired Spelling Dyslexia, Acquired Alexia entre outros que virão.

E isso só é possível porque Lou de Olivier não se acomodou com um diagnóstico fatalista, ela estudou, pesquisou, impulsionou outros pesquisadores, encontrou a solução para sua dislexia adquirida e levou suas descobertas a todo o mundo. Leia este artigo na íntegra e com detalhes de pesquisa:
 
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Dislexia é causada por ruído em conectividade cerebral

Dislexia é causada por ruído em conectividade cerebral

A dislexia (dificuldade para ler e compreender o idioma) pode ser resultado de uma má conectividade entre duas regiões do cérebro, uma pesquisa que lança nova luz à origem deste transtorno neurológico que afeta 10% da população mundial.
 
Segundo Bart Boets, autor principal do estudo publicado na revista americana “Science”, durante várias décadas neurologistas e psicólogos atribuíram este problema de aprendizagem a uma representação mental defeituosa das palavras, inclusive fonemas, elementos sonoros característicos da língua.

Para confirmar esta hipótese, os cientistas examinaram com uma ressonância magnética 45 estudantes de 19 a 32 anos, 23 dos quais eram severamente disléxicos, para obter imagens tridimensionais do seu cérebro quando escutavam diferentes séries de sons.

“Assim foi possível obter um bom registro neuronal de representações fonéticas dos sons escutados”, explicou Boets, psicólogo da Universidade Católica de Lovaine, na Bélgica.

Os participantes, todos destros e de língua flamenga, escutaram uma série de sons como “ba-ba-ba-ba” e deviam identificar o que era diferente, um exercício que, segundo os cientistas, requer uma boa representação mental dos diferentes fonemas.

Os pesquisadores descobriram que as respostas do grupo de disléxicos e a intensidade de suas reações neuronais foram similares aos do grupo de controle. “Suas representações fonéticas mentais estavam perfeitamente intactas”, disse Boets.

Mas os participantes disléxicos foram aproximadamente 50% mais lentos para responder, segundo os cientistas.

Acesso defeituoso à região cerebral dedicada à linguagem – Quando analisaram a atividade geral do cérebro, os autores do estudo descobriram que os disléxicos tinham uma coordenação menor entre 13 regiões do cérebro que têm a ver com os sons básicos e a Área de Broca, uma das principais responsáveis ao processamento da linguagem.

Outras análises revelaram que quanto mais frágil é a coordenação entre estas duas regiões cerebrais, mais lenta é a resposta dos participantes.

Isso demonstraria que a causa da dislexia não é uma má representação mental dos fonemas, mas um acesso defeituoso destes sons na região do cérebro que processa o som, concluíram os autores.

Para Frank Ramus, cientista especialista neste tema na École Normale Supérieure de Paris, que não participou deste estudo, “esta é a pesquisa mais conclusiva em 5 anos” sobre a dislexia.
“Se estes resultados se confirmarem vão mudar completamente nossa compreensão da dislexia”, disse em um artigo à parte, publicado na “Science”.

No entanto, outros especialistas se mostram mais céticos.

Michael Merzenich, neurologista da Universidade da Califórnia em San Francisco (oeste dos EUA), disse não estar convencido de que a atividade neuronal medida no estudo seja representativa dos diferentes fonemas ouvidos.

Para Iris Berent, linguista da Universidade Northeastern em Illinois (norte dos EUA), também citada em um artigo da revista “Science”, as diferenças nos sons usados neste estudo foram muito óbvias.

Um método mais preciso seria provar contrastes mais sutis entre os sons ambíguos com os quais os disléxicos têm a maior dificuldade, disse, em desacordo com Boets e Ramus.

Mas, segundo Ramus, “a ressonância magnética teria mostrado se os disléxicos tinham uma representação defeituosa” dos fonemas escutados, inclusive se não houvesse diferenças mais sutis entre eles.
 
Boets já vislumbra um novo tratamento potencial para restaurar a conectividade normal entre as duas regiões do cérebro, que são aparentemente a causa da dislexia.
 
“Não é inconcebível usar algum tipo de estimulação elétrica não invasiva do cérebro para restaurar a comunicação entre estas duas regiões do cérebro”, disse o pesquisador.
 
 

Dislexia pode estar associada à insuficiência de ...

Dislexia pode estar associada à insuficiência de ...

Estudo de Richardson AJ, Calvin CM, Clisby C, Schoenheimer DR, Montgomery P, Hall JA, et al. aponta que a dislexia pode estar associada com as deficiências relativas a certos ácidos gordos altamente insaturados. Estudo disponível em:
 
 
 
Richardson AJ, Calvin CM, Clisby C, Schoenheimer DR, Montgomery P, Hall JA, et al. Fatty acid deficiency signs predict the severity of reading and related difficulties in dyslexic children. Prostaglandins Leukot Essent Fatty Acids. 2000;63:69-74.

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